Revista Osíris

Revista Osíris é propriedade da Sociedade Teosófica de Portugal. Os textos que aqui apresentamos, são alguns dos que pode encontrar na Revista, de números antigos. Para receber algum exemplar antigo ou actual ou para assinatura, escreva para o e-mail: geral@sociedadeteosoficadeportugal.pt

Saturday, December 31, 2005

Nº1 - NOTA DE ABERTURA / EDITORIAL
Dr. Lício CORREIA
Presidente da S.T.P.

“A Teosofia tem sido chamada a Antiga e Divina Sabedoria. As suas verdades são encontradas nos testemunhos acumulados de incontáveis gerações de profetas iniciados; está relacionada com as leis da natureza e com os estados físicos, mentais e espirituais do Homem. A sua completa compreensão está, por enquanto, para além da capacidade do Homem e devido a isso foi, através dos tempos, uma doutrina secreta, um corpo de ensinamentos misteriosos revelados somente aos poucos avançados...”
(Extracto de um folheto da S.T. Inglesa.)



1. Consideramos partir desta ideia central (bem esclarecedora do que é a Teosofia) na qual os verdadeiros Teósofos devem ser entendidos como pesquisadores que avançam continuamente na senda do conhecimento, provenha este do exterior ou do interior de si próprio, desde que a sua aquisição não seja egoísta mas –bem pelo contrário- uma bússola orientadora que permita responder e concretizar aquelas que são as cada vez mais perceptíveis necessidades do mundo - a expressão de altruísmo, o amor e o serviço.

2. Neste contexto a revista surge como mais um instrumento de trabalho, eventualmente privilegiado, que se pretende eficientemente organizado no sentido de uma mais clara compreensão, divulgação e concretização dos objectivos estruturais da Sociedade Teosófica, sem esquecer que não é por acaso que nos encontramos no contexto karmico/cultural que é o do espaço português.
Para tal assume um carácter simultaneamente diversificado e enriquecedor, quer no modelo da respectiva organização quer na diversidade complementar dos temas que integra e de que este exemplar é já um significativo exemplo.

3. Saudamos o passado de todas as publicações que nos precederam, através das diferentes formas que foram assumindo, bem como todos os Irmãos e Irmãs que nela colaboraram, pelos momentos de elevação e inspiração que nos propiciaram, enquanto ansiamos pelo seu futuro, o que nos estimula e anima com todo o empenhamento e criatividade a prosseguir -decidida e esclarecidamente- “no caminho”.
Importa também compreender e assumir o que somos, pois só assim -pela capacidade crítica de análise e autoconhecimento- estaremos em condições para agir de modo equilibrado e firme e consequentemente com capacidade para contribuir positivamente, com alguma coisa, no sentido de ajuda à evolução universal.

4. A existência de um número significativo de Teósofos, dotados de sensibilidade, conhecimento e experiência, constituem uma garantia para a concretização desses aspectos que temos de saber aproveitar e potenciar. Podemos e queremos fazê-lo. Afinal e bem a propósito recordamos um autor bem português, Miguel Torga quando disse: “quem faz o que pode faz o que deve”. Podemos e devemos fazê-lo.
5. Daí que naturalmente se rejeitem as perspectivas de análise centrípetas, “nacionalistas” ou fechadas, as quais eivadas de fundamentalismo -um dos males do mundo actual- para mais não servem que para promover um maior afastamento dos homens entre si.
De facto Fraternidade é exactamente o contrário. Por isso, não vamos por aí.
Esta revista não será nem uma arena de confrontos pessoais e como tal de raiz egoísta, nem um forum de debates estéreis e consequentemente alienantes, em relação à busca da concretização dos grandes objectivos em que relação aos quais se tem de organizar a estrutura central do pensamento orientador da acção Teosófica.
Não acção pela acção, mas assente numa análise crítica, profunda e atenta aos acontecimentos preocupantes, que constatamos num mundo globalizado -para o bem e para o mal- onde os valores materiais e as capacidades técnicas progridem a um ritmo avassalador em relação ao progresso dos grandes valores éticos e espirituais.

6. Porém tudo o que permita efectuar abordagens de fundo teosófico, tudo o que inspire e reflicta a possibilidade de estimular uma cultura fraterna, assente na busca incansável da Verdade e do Saber e ainda tudo o que permita compreender melhor o Homem (considerado na complexidade da sua sétupla natureza) em relação ao seu papel no universo, tem nesta revista o seu espaço próprio e natural.
Visa-se a afirmação de uma Revista de todos os Teósofos para todos os Teósofos e ainda para aqueles que, na Teosofia, buscam encontrar as respostas que faltam na sua vida.
Não representando nem uma ruptura nem uma continuidade, ela constituirá sim mais um novo ciclo (na já longa existência do órgão da STP) entre os muitos que o processo da Vida contém. Vida é também renovação ... Assim será e é assim que deve ser entendida.

7. Porquê o nome Osíris, já no passado adoptado pelo órgão “oficial” da STP?
Para uma melhor compreensão da relação entre os aspectos que referimos e o nome de novo adoptado recorramos, de modo necessariamente sintético, ao respectivo mito tal como foi apresentado na notável obra “De Iside a Osiride” do autor grego Plutarco.

Osiris é o filho mais velho de Geb (a terra) e de Nut (o céu) dos quais herda a soberania terrestre enquanto, como rei civilizador, ensina e arranca os egípcios da “sua existência de privações e de animais selvagens”. Dá-lhes lei, ensina-os a respeitarem os deuses e oferece-lhes a civilização. Neste papel Osiris surge com o nome de Unennefer “o Ser perpetuamente bom”. Como é sabido seu irmão Set, roído de ciúmes, assassina-o e depois de várias peripécias corta o seu corpo em pedaços que espalha por todo o Egipto.
Isís (expressão suprema do Amor) com a ajuda de sua irmã Néftis procura-o incansavelmente por todo o Egipto e contando com ajuda de Anúbis, consegue reconstituir Osiris .O Deus Tot, senhor dos conhecimentos das ciências e da escrita, devolve-lhe entretanto a vida -mas numa forma superior de existência- pelo que, a partir de então, Osíris reina no Além.
Este notável mito apresenta-nos Osíris como um ser que na terra sofreu, enquanto -pela solicitude da força poderosas do amor de Ísis- triunfou dessa dura prova nascendo de novo.
Daí que todos anseiem por se identificar com ele no Além, por constituir o único Ser que traz a cada um a inspiradora esperança da Vida Eterna.

Para além de muitos outros aspectos, cuja exegese de momento não importa aprofundar e para além de um mito, que nos fala do Bem e do Mal, tanto como da poderosa força transformadora que é o Amor, estamos também ainda perante um mito que nos fala no caminho para a Vida Eterna e na evolução para outros planos de existência, que nos permitem um eterno renascer .

Seria possível encontrar, no contexto actual, um melhor nome para a Revista da Sociedade Teosófica de Portugal ?

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