Revista Osíris

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Saturday, December 31, 2005

Nº1 - A Teosofia e o Estudo Comparado das Religiões (I)
A. . L. (ALPHA LYRAE)

As livrarias de hoje estão repletas de livros de textos sagrados, de estudos de Astrologia, Reencarnação estados de consciência. Vendem-se milhares de páginas de textos de auto-ajuda, canalização, cura. Procura-se um Conhecimento que possa trazer respostas aos problemas da nossa sociedade ameaçada e às nossas religiões atormentadas.
Mas o epicentro desta busca não está nas livrarias, nem nas universidades, nem unicamente na iniciativa individual dos que praticam exaustivamente todas as formas de meditação: centra-se essencialmente na compreensão intrínseca dos ensinamentos, no domínio da simbólica e no reconhecimento da influência e irradiação de arquétipos universais, que bem poderão, no seu conjunto, fazer evoluir a consciência do Homem moderno de um modo nunca vista desde a ultima revolução...
Estudos aturados da Cabala mística e prática, e uma verdadeira compreensão das tradições e dos símbolos e arquétipos, podem revelar Verdades Superiores que facilitarão o acesso a um Principio Superior à própria natureza exterior da alma. Quando isto acontece, realiza-se uma fusão com essências de natureza mais elevada, verificando-se uma atracção para um Plano Superior com o qual se identifica. ‘
A espagirização da matéria no cadinho alquímico desenvolve urna força criativa assente na Matéria do Universo redutível a Quatro elementos. O triângulo com o vértice para baixo é o símbolo de VISHNU, deus do princípio húmido e da Água. O triângulo com o vértice para cima é SHIVA, o princípio do Fogo, simbolizado pela chama tríplice.
Helena P. Blavatsky, na Doutrina Secreta, afirma: “... Quando o Três e o Quatro se abraçam, o Quaternário une a sua natureza média à do triângulo ou tríade e transforma-se num cubo, que é o veículo e o número da Vida, o Pai-Mãe Sete”.
Os grandes Iniciados e alquimistas realizaram a reunião do Três com o Quatro, tendo como objectivo do seu estudo o Septenário Universal.

Da Tríade Sefirotal superior – Kether, Binah, Chokmah – emana o Quaternário inferior, a natureza física manifestada. O conjunto dos sefirotes criadores inferiores somam o número sete.
“0 Tetragrammaton é o Três feito Quatro, e o Quatro feito Três e está representado nesta Terra pelos seus sete Companheiros” diz H.P.Blavatsky. Que ¬ilações serão possíveis a partir desta premissa? H.P.B. chega à conclusão que o número sete é um elemento predominante em todas as religiões antigas porque é o factor predominante da Natureza. No Livro dos Mortos do antigo Egipto são apresentadas as Sete Almas do Faraó, verificando-se assim uma identificação da religião egípcia com a divisão septenária do Budismo Esotérico.
Os antigos Egípcios acreditavam que as suas divindades podiam apresentar aspectos Tríplices reconhecidos em diversos templos, em diferentes pontos geográficos do território, onde esses deuses eram especialmente venerados.

Em Abydos, ou_Abtu, a Porta aberta entre a Terra e os Céus, imperava a tríade constituída por Khentamentiu, Osiris e Anubis, respectivamente o Avô, o Pai e o Filho, que consubstanciavam 0 invisível, passível de se tornar visível através da mesma energia com diferentes modos de expressão em tempos diversos. O cão negro ou o chacal, Anubis, era o guia entre os vários níveis de consciência, “o Caminhante entre os Mundos”

Em Tebas, reinava a tríade constituída por Amon (o Pai oculto) Mut (a Mãe) e Khonsu (o Filho). Tebas representava o local da Lua, o regresso a Mãe e o controlo sobre o próprio destino, consubstanciado no Filho, Khonsu, ponto da união alquímica de Amon e Mut. É no templo de Karnak, em Tebas, que a iniciação é obtida, e são assumidas responsabilidades através da abertura das portas da percepção...
Mênfis apresenta duas tríades: Ptah-Sokaris-
Osíris e Ptah-Sekhmet-Nefertum. Na primeira, Ptah é o que está em todas as coisas, o Mestre Construtor que existe antes de tudo e segura na mão as chaves da vida, da estabilidade e do poder. Sokaris é o Falcão, o Filho, 0 Guardião das Trevas. Osíris controla em nós a presença da morte para começarmos a viver com a intensidade desejada.
A teologia menfita, gravada na pedra de Shabaka, dá a conhecer a segunda tríade como Criadora de vida (Ptah), protectora da mesma (Sekhmet) e estados de consciência alterados pelo cérebro a partir do inebriamento dos sentidos através dos perfumes e aromas (Nefertum).

A teosofia defende que nestes aspectos tríplices das divindades se incluem aspectos cósmicos de Logos-Nao-Manifestado, Ideação Universal Latente e Inteligência Universal Activa. A estes correspondem aspectos humanos da alma Universal, Atmâ Buddi e Manas, ou Mente. A hipótese teosófica prevê três grandes impulsos vitais para dar existência ao Mundo: são as Três Grandes Emanações, ou Ondas de Vida, simbolizadas na tríade. Nos "Dez Pontes de Ísis", enunciados par H. P. Blavatsky, afirma-se o seguinte: " A natureza é trina: há uma natureza visível, objectiva; uma natureza invisível, intrínseca, que dá energia, modelo exacto da outra e o seu princípio vital; acima dessas duas o espírito, fonte de todas as forças, só ele eterno e indestrutível. O homem também é trino: tem o seu corpo físico e objectivo; o seu corpo astral e vitalizador, ou alma, o homem real; e asses dois são dinamizados e iluminados par um terceiro - 0 espírito soberano, imortal. Quando o homem real consegue dissolver-se neste último, torna-se uma entidade imortal". Mais tarde, a teosofia atribuiu uma divisão septenária aos princípios do homem, indo ao encontro do que já expusermos anteriormente.
A apreensão de todas estas verdades poderá ajudar -nos a compreender melhor a realidade que nos rodeia, bem como o mundo espiritual, e a aceitar todas as religiões e credos como contendo em si muitos elementos comuns e formas diversas de apreender a Verdade que é só Uma e à qual nada é Superior.

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A. L. (ALPHA LYRAE)

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