Revista Osíris

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Saturday, December 31, 2005

Nº1 - VIDA E ENERGIA
Rui ARIMATEIA

Toda a criatura tem origem no Amor.
Mineral, vegetal, animal, humano, do embrião ao esquecimento, todo o Ser aspira por realização, aspira pela perfeição que o originou.
O Universo, com todos os seus constituintes está, é vivo! Porque é, afinal, constituído por Vida.
Cada Ser é um reservatório de energias, diferentemente organizado consoante a forma que assume. A Grande Lei que rege todos estes seres é, em última análise, a da Economia. Na Natureza não existem desperdícios, não existe nem de-mais nem de-menos energia em cada seu representante, do que aquela que este poderá comportar. E, ao nosso nível, todos nós manipulamos a quantidade e a qualidade de energia que conseguimos neste momento conter. Tal como uma lente ao Sol, somente conseguimos reflectir aquela quantidade de luz e de calor dentro das capacidades de resistência do vidro de que somos feitos. Suportar ou querer acumular mais energia solar do que aquela que realmente podemos canalizar, arriscamos a quebrar o vidro em mil pedaços e a enfraquecer relativamente a nossa forma energética original.
Passemos, através desta analogia, para a energia que possuímos e que permanentemente se encontra em mutação e em transformação no interior dos nossos tecidos vivos – nervos, cérebro, órgãos vitais... – que continuamente emitimos pelas extremidades e recebemos através da cabeça, do coração, do plexus solar...
Contínua e “passivamente” – porque do foro do inconsciente – estas trocas energéticas conferem vida ao sistema orgânico que somos. Eventualmente já teria havido tempo em que conscientemente o homem teria a capacidade de manipular as energias que o constituíam e que poderiam ser canalizadas através dele. São reminiscências desses tempos imemoriais os Serviços de Cura e toda a Ritualística mágico-religiosa enquadrados pelas diferentes Religiões ao longo dos milénios de vida do Ser Humano.
Desde a utilização electromagnética dos cromeleques e dolmens pré-históricos, até às imponentes Catedrais Góticas, desde a erecção do simples menir, até à fundação da pequena ermida, com certos e determinados enquadramentos telúricos – que dizem respeito às energias contidas e simultaneamente fluentes na Terra Mãe – tudo se resumia funcionalmente à utilização consciente das energias cósmicas que nos envolviam e que potencialmente só esperavam o sinal ou gesto, o som ou a palavra correctos para se colocarem à disposição de quem se predispunha a utilizá-las.
O homem há muito que perdeu a visão global de encarar o Universo. Em detrimento da Unidade de Vida como objectivo último da busca, dedicou-se a estudar as múltiplas diversidades, espartilhando a Realidade e perdendo-lhe o seu sentido intrínseco. Preferiu olhar os efeitos esquecendo ou relegando para segundo plano as causas ou a Causa Original.
Neste momento a humanidade encontra-se numa fase de re-aprendizagem da sua relação com o Todo e com a Vida. Recomeçou a sua viagem e a sua busca... para o Centro... da parte para o Todo. Mais do que uma intenção, esta re-descoberta assume um estado de espírito que tem que ver principalmente com uma disponibilidade psicológica que permitirá ao novo homem a aceitação da mudança radical que, em última análise, consiste em fazer viver em cada um aquele Ser que, por excelência, tem a capacidade e a disponibilidade de Escutar, de Olhar e de Viver plenamente a vida sem conflito – a Criança.
Afirmava C. Jinarajadasa, numa das suas obras teosóficas – A Nova Humanidade da Intuição –, em 1938:

«(...).
A visão e a força que necessitamos para a mudança hão-de vir da criança. (...). Porque, de um modo místico, as crianças podem abrir-nos um livro de sabedoria e das suas faces alegres podem irradiar raios de força, para nos encher de coragem.
(...).
Se Deus, a indiscritível Majestade do universo, a fonte de toda a Verdade e Beleza, “se fez carne” e viveu num berço e brincou como uma criança, na Palestina e na Índia, foi por mostrar que todas as crianças têm em si a natureza de Cristo e de Krishna. Se lançarmos a vista numa nova direcção e descobrirmos “o segredo da infância”, saberemos que as crianças são alguma coisa mais do que crianças. Elas são mensageiras de um reino de beleza, sabedoria e força, elas podem conduzir-nos pela mão ao cume da montanha de Pisgah e mostrar-nos a terra dos nossos sonhos e esperanças.
(...).»

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